segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Lágrimas... Dor... Esperar... Morrer... Sorrir


Chegamos à casa do meu avô, ele estava deitado dentro da caixa de madeira, olhei no rosto das pessoas e vi lágrimas, alguns cochichavam, outros totalmente consternados. Havia uma pessoa aplicando formol e preparando o corpo para o velório, meu avô tinha falecido com 95 anos de idade.

Eu não sentia nada, não havia dor em meu peito, nunca tive muita ligação,  havia crescido longe dos meus avós, os visitava vez em quando nas férias. Minha vó tinha falecido alguns anos antes e como eu era menor ainda, não me levaram.

É de se esperar que os idosos morram como diz o ditado, “se não foi de novo, de velho não escapa”. Isso foi rude? Não quis ser, mas não é assim a vida? Muitas pessoas nem gostam de falar da morte, que certeza maior existe na vida do que essa: morrer.

Bateu um sentimento ruim ao ler esse texto mórbido? Calma, não se vá. Você deve estar lembrando do ente querido que perdeu, da forma que ficou devassado pela dor e sentimento de vazio. O que eu mais aprendi no velório do meu avô foi que até na morte é possível sorrir.

Pode ser que eu tenha a família mais “doida” do mundo, porém, naquela madrugada, meus primos, tios e demais parentes e amigos, passaram a noite do velório bebendo, contando histórias do meu avô e sorrindo. Eu nunca tinha ido num velório, depois desse, se tornou um ambiente no mínimo curioso. Não sei se isso é o certo ou errado, a morte estava na sala e minha família estava sorrindo.

Anos mais tarde a morte de um amigo de infância me despedaçou. Ele era muito jovem, 18 anos apenas, a família inteira sofreu demais aqueles 20 dias entre a enfermidade e morte. Agora eu sabia o que era a dor da perda e o sentimento de vazio, entretanto, lembrei do velório do meu avô, assim, foi possível sorrir quando lembrei das peraltices de criança, de quando saíamos para roubar frutas nos quintais vizinhos, se a gente pedisse ninguém negaria, mas a emoção era pegar escondido. Jogávamos futebol e depois ficávamos papeando. Certa vez, um amigo policial estava a serviço e nos deu carona pra casa, imaginem a cara do povo quando nos viram descendo da viatura, achavam que tínhamos sido presos. Não faltaram motivos para sorrir, ainda que a morte estivesse na sala, mais uma vez.

Inspiração:.

Guns N’ Roses é uma daquelas bandas ícones dos anos 80, que tem músicas eternizadas como November Rain, Patience, Welcome To The Jungle e Sweet Child O’Mine.

Esta ultima nasceu ao acaso, os músicos estavam fazendo um aquecimento e Axel estava na parte de cima da casa, quando ouviu os acordes começou a escrever a musica sobre sua namorada e futura esposa. No dia seguinte Axel pediu que tocassem novamente e então revelou a letra, que seria um dos maiores sucessos da banda.

A letra não tem nada a ver com morte, que loucura foi essa que eu escrevi? Assista Aqui a versão cantada no filme Capitão Fantástico e você vai entender.


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