domingo, 16 de dezembro de 2018

Gerenciamento de Crise


Crise é uma mudança brusca nem sempre ruim, uma pessoa que ganha um prêmio milionário está em crise financeira, entretanto, ninguém diria isso, pelo contrário, levantaria as mãos aos céus e diria: “adeus crises!”

Diferente do controle de riscos que trabalha preventivamente, o gerenciamento de crise é o plano de salvação dos passageiros em um naufrágio, “mulheres e crianças primeiro”.

Quando acontece um acidente aéreo de grandes proporções, como o que aconteceu com o voo 1907 da Gol e o voo 3054 da Tam, uma equipe é acionada e o plano de emergência iniciado. Um dos quesitos é providenciar acompanhante para cada família das vítimas, esse acompanhamento é feito por colaboradores voluntários das companhias aéreas, não somente da que sofreu o acidente. Existe um treinamento para essas voluntários, no qual quem participa se compromete a responder o chamado dentro de uma hora em caso de acidentes e recebem uma carteirinha, que carregam junto ao crachá da empresa.

Gerenciamento de crise na vida pessoal é tão importante quanto na aviação, porém, preferimos viver a “busca pela felicidade”, do que acreditar que algo ruim pode acontecer. Imaginemos uma pessoa que sai de casa, sofre um acidente e fica paralítica das pernas, ninguém quer pensar nisso e muito menos se preparar para isso. Seria muita paranoia, concordas? Eu concordo. Os dias vão passando e as crises acontecem, daí acionamos o "plano emergencial”, do jeito que dá. Algumas pessoas conseguem guardar dinheiro, todavia, numa crise existencial ou emocional, como gerenciar?

Menopausa, andropausa, divórcio, viuvez, velhice, doenças, solidão, obesidade, falta de grana, falta de trabalho e tantas outras adversidades pelas quais não teremos um voluntário a nossa disposição, geralmente, precisaremos encarar sozinhos, pronto ninguém está, mas pelo menos você tem pensado nisso? Não quero que seja um texto pessimista, é que na vida real, felicidade e crise se intercalam tão rapidamente, que parecem andar de mãos dadas.

sábado, 15 de dezembro de 2018

Controle de Riscos


Controlamos riscos o tempo inteiro, antes de atravessar a rua, paramos e olhamos para os dois lados. Guardamos o dinheiro na carteira com cuidado para não perder. Esfriamos o café antes de tomar. Tudo isso é automático, porém, a gestão de riscos não é bem assim.

Na aviação, que é um dos seguimentos que mais controla riscos, não dá para ser no automático, pelo contrário, toda atenção é pouca. Desde o trabalho dos agentes de solo, manutenção, aeronautas e também passageiros, tudo visa manter a segurança de voo. O preço do combustível e o alto custo operacional tornam o lucro desse segmento um dos menores existentes, cerca de 2% a 4% ao ano. Além de que nenhum outro sofre tanto com as intempéries climáticas.

Arriscar e lucrar é uma dupla perigosa, os empresários não tem controle do preço dos bilhetes aéreos. Caso fossem repassar na ponta do lápis todos os custos, não existiriam tarifas econômicas. Já que não podem aumentar o preço, pois isso diminuiria as vendas, a solução é “arrochar o nó” e trabalhar no limite. Isso implica em economizar combustível, diminuir custo operacional e cobrar pelo maior número de serviços oferecidos, como despacho de bagagens, venda de lanches a bordo e marcação de assentos. Ainda existem fatores fora de controle, por exemplo, se um voo for cancelado por um problema gerado pelo aeroporto ou condição climática, a companhia aérea é obrigada a pagar alimentação, hospedagem, transporte de ida e volta para o hotel para todos os passageiros prejudicados. Nos Estados Unidos, nesses casos a companhia é obrigada a reacomodar o passageiro em outro voo e apenas isso.

O governo brasileiro liberou 100% de capital estrangeiro nas aéreas nacionais, muitos não sabem, mas isso trará um afrouxamento ao “nó”, que sufoca os aeroviários e aeronautas, pois trabalham sob uma pressão gigantesca quanto a economia de ativos, tempo e precisão. Não podem abrir mão da segurança, não porque existem vidas em jogo, e sim por existirem normas. Diante da necessidade de gerar lucros, são instigados a assumir o risco. Tempo para atendimento de checkin, meta de despacho de bagagem, metas para diminuição de avarias de malas, meta de voos no horário, metas, metas e mais metas, para que a operação gere lucro. Um dos casos mais recentes foi o acidente com o avião que levava a equipe de futebol Chapecoense, em novembro de 2016, no qual 71 pessoas morreram e 6 sobreviveram.  No relatório final do acidente, veja Aqui, consta como primeiro fator a situação econômica ruim da empresa aérea LaMia, que assumiu o risco de um voo longo, quando uma escala para abastecimento seria oneroso, escolheram arriscar e lucrar, infelizmente o risco foi fatal.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Riqueza


A riqueza e a paz, creio eu, que são as coisas mais desejadas no mundo. Um grande número de pessoas vivem em ambientes hostis ou em conflitos armados. Se pudéssemos perguntar para um jovem afegão e um estadunidense, “o que é riqueza?”, quão diferentes seriam essas respostas?

O que é a riqueza para o brasileiro? O que é riqueza para você?

Eu estudava numa escola particular, porém, o meu pai pagava com muito sacrifício, não sobrava o dinheirinho da merenda. Na hora do recreio, no meu entendimento, os filhos dos ricos estavam na fila da cantina. Morávamos num bairro de periferia e tínhamos um fusca. Voltava de ônibus para casa, alguns coleguinhas tinham até motorista. Riqueza era isso, poder ter e fazer as coisas que você quisesse com seu próprio dinheiro.

Sem muita riqueza material, restou o enriquecimento imaterial, o saber. Até nisso os que têm mais dinheiro parecem mais sábios, de fato, o dinheiro facilita o acesso ao conhecimento. Aqui no Brasil é possível adquirir e manter seus bens, existem países que não é bem assim. O enriquecimento cultural, se é que isso existe, foi tão mascarado por ideialismos, que acabaram tornando o enriquecimento material como sinal de egoísmo. Jesus Cristo disse que “o amor ao dinheiro é o princípio de todos os males”, mas nunca condenou um rico por sua riqueza, ainda que também tenha dito “ser difícil um rico entrar no reino dos céus”. Algumas igrejas não estão levando isso muito a sério, basta ver a tal teologia da prosperidade, mas o assunto é riqueza, quando se trata disso, para alguns o céu não importa.

A riqueza que não é minha é maldita, entretanto, aquela que serve para o meu benefício é uma bênção ou um subsídio social ao qual eu tenho direito. Já viu isso por aí?

Rico de dinheiro é alguém que pode comprar o que quiser ou o que precisar, independente do preço. A maioria de nós pensa nisso, quem nunca sonhou em ganhar na Mega Sena? Alguns amigos penaram tanto na vida que buscam na riqueza, a “libertação” desse passado. Raramente eu convidava um amigo da escola para vir na minha casa, com exceção daqueles que eu sabia que não eram tão ricos. Se por um lado eu tinha um pai que fazia de tudo para prover o melhor para mim, por outro existia a riqueza que me dizia o quanto eu não podia ter o que queria. É difícil ensinar isso para uma criança, ainda mais nos dias de hoje. Como falar sobre riqueza sem olhar para a pobreza?


segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Post Nº 100 - Manter o Ritmo


Essa é a postagem Nº 100, quem se dedica a algo sabe o quanto é um desafio manter o ritmo. Retomei a escrita de agosto para cá, 82 postagens nos últimos 4 meses. Seja no trabalho, seja nos estudos, seja no esporte e até nas relações, continuar dá muito trabalho.

No princípio eu me desafiei a escrever 30 dias consecutivos, consegui. Depois me desafiei a chegar à centésima postagem e iniciar um site com domínio próprio, farei isso nos próximos dias, ou meses, mas o farei.

Eu gero conteúdo, ou seja, tudo que eu escrevo é inédito, ainda que não seja novo. Não tenho ambição de riqueza, é um prazer que simplesmente preciso manter. Como um colecionador de selos, que coisa mais sem graça, alguém pode dizer, contudo, para o filatelista é inestimável.

Você não pediu, mas aqui vai a primeira dica para manter o ritmo, faça o que você ama. Seja ler, seja colecionar, seja escrever, correr ou nadar, faça. Comece, hoje. Quanto mais você adiar, mais desculpas vão surgir, é o dinheiro, é o tempo, é o cônjuge, é a idade, é isso e aquilo, e você continua parado, ou até pior, além de não fazer nada, ainda critica os que fazem.

Segunda dica, comece devagar. Parece óbvio, porém, a maioria desiste logo no começo por que vão com tanta sede ao pote que se engasgam. Eu escrevo a mais de dez anos, mas só agora consegui manter o ritmo, criar uma rotina semanal, ainda que diária é o meu maior desejo.

A terceira dica é o reforço. Estamos numa bela caminhada e com um ritmo confortável, mas para continuar e melhorar, precisamos de reforço, vitaminas, boa alimentação e continuar o treino. Eu me reforço com leituras, pesquisas e conversas com pessoas da área. Trocar figurinhas com outros blogueiros e escritores. Busque reforço sempre.

A quarta dica é um lembrete, você vai fraquejar. Isso mesmo, ainda que você ame o que faz, um dia vai pensar em jogar tudo pro alto. Seja por cansaço, desânimo, perda de foco, um trauma, ou simplesmente, vai estar velho demais para isso. Esteja preparado para esse dia, dê um tempo, mude, faça outra coisa, mas entenda que isso é totalmente normal.

A quinta e ultima dica, o que você faz revela quem você é. Entender isso é saber que não posso fazer algo simplesmente por que fulano fez e deu certo, ficou rico e famoso. As atividades das pessoas estão diretamente ligadas a quem elas são, desde um artista famoso a um traficante chefe de facção. Quantas pessoas que você conhece se transformam para TER coisas, e se perdem naquilo que são. Corrupção de valores, “para ganhar algo não importa o que eu precise ser”.

Vamos em frente e que venha a postagem número 500.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Impulso


Impulso é um princípio importante da física, através dele é possível calcular a velocidade de um airbag, uma pequena invenção da indústria automobilística que salva muitas vidas. O cinto de segurança mantem o corpo preso ao assento, mas numa parada brusca o movimento da cabeça para frente causa lesões, o balão de ar instantâneo evita esses danos.

A aplicação de uma força sobre um corpo durante um intervalo de tempo resulta em variação de movimento, eis a razão pela qual uma ação impulsiva é rapidamente percebida. Um exemplo bem prático, você já levou um tapa?

Dizem que os adolescentes são impulsivos, se bem me lembro, eu era sim. É tudo tão intenso, novo, que acabamos respondendo da primeira forma que nos convém, necessariamente, não significa que seja a melhor maneira. O convite para provar a maconha, que mal têm? A primeira experiência sexual. Muitos inícios são impulsivos, observamos apenas a parte boa, rápida e prazerosa, afinal, um trago não vai me viciar, uma transa não é pra casar, não é assim?

Essa é a questão dos impulsos, na física dá para calcular, mas na vida o resultado é imprevisível. Pense em quantas vezes você gostaria de ter agido diferente, mas... Já fez. Nenhum resultado é totalmente previsível, porém, tem coisa que vai dá errado e sabemos logo no começo. Por que continuamos? Boa pergunta.

A primeira análise é sempre um benefício, se você está pensando assim agora mesmo, acabei de te impulsionar, escrevi uma mentira tão sutil que você acreditou. Raramente a primeira análise é assertiva, principalmente se você decidir fazer sem ouvir outras pessoas, não que a opinião do outro seja mais importante que a sua, é que quatro olhos enxergam mais e melhor do que dois. Não precisa expor sua vida ao mundo, apenas compartilhe com alguém de confiança, que talvez revele outra perspectiva. Quem sabe você não leva um tapa de responsabilidade e sabedoria, motivação e coragem.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Técnicos x Humanos


É fato que existem cada dia menos empregos, a produção de riquezas e a geração de postos de trabalho não consegue acompanhar a natalidade mundial. Não muito tempo atrás inventaram a colheitadeira, que sozinha faz o trabalho de cem homens. Para onde foram essas pessoas?

A modernização está cada dia mais veloz, inclusive no campo do conhecimento, tanto que o profissional de destaque não é apenas aquele cara número um da turma, como era comum trinta anos passados. O Diploma tão desejado, está ficando em segundo plano nas avaliações seletivas para os cargos mais altos e também para muitas funções mais simples. Aquele chefe ranzinza e carrancudo, que “sabe tudo” está com os dias contados. Os líderes do futuro são cheios de empatia, algo que não se aprendia nas faculdades. Em casa, raramente.

A era digital atacou sem pena inúmeros setores, no turismo, por exemplo, é possível comprar qualquer tipo de viagem sem a ajuda de um agente de viagem, milhares de agências que não conseguiram acompanhar essa transformação, faliram. Para onde foram essas pessoas?

Por outro lado as agências virtuais, operadoras e consolidadoras surgiram, e novamente o que faz toda a diferença não é o nível técnico dessas pessoas, mas a atitude relacional com o cliente. Antes de comprar uma hospedagem o que fazemos? Procuramos a avaliação daquele hotel. Sem perceber nos adaptamos as novas formas de fazer negócios, mas não desenvolvemos novas habilidades sem querer. Por isso as universidades estão cada vez mais focadas em “como” o aluno vai atuar após formado, antigamente era “o quê” ele ia fazer. A educação básica também está se transformando e preocupada em “como” tornar as crianças melhores, independente daquilo que queiram exercer.

É engraçado como as coisas acontecem tão rápido e demoramos para perceber, daqui algum tempo não vai mais existir aquele tempo de estudo, a vida toda será aprendendo, pois, o conhecimento evolui cada dia mais rápido. As grandes corporações estão investindo em suas próprias universidades para implantar seus próprios valores nas gerações futuras, esses valores não são apenas técnicos, estão cada vez mais humanos, mais relacionais, uma tentativa de resgatar o que parece ser a maior perda de todos os tempos, a humanidade.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Por Que o Café é Preto?


Por que o café é preto?

Pergunta besta né? A minha filha quando criança me perguntou uma vez, por que o canal do mar, que estávamos atravessando sobre uma ponte, estava “seco” e tinha hora que ficava “cheio”? Ela tinha uns cinco anos. Eu respondi na forma que a maioria dos pais respondem, quando acham que a resposta verdadeira é complicada demais para a cabecinha do filho.

            - Filhinha, tem um gigante lá do outro lado do oceano, quando ele tá com sede, bebe a água e por isso seca. Algum tempo depois ele volta e faz xixi e por isso enche.

Ela arregalou os olhos e voltou a olhar para o canal, olhou para mim e sorriu, “pensa que eu sou besta, é?” Ambos sorrimos muito e até hoje ela fala desse gigante quando passamos pela ponte, ainda que eu tenha explicado sobre gravidade da Lua. Ah tá, então você nunca fez isso com seu filho? Fez sim, confessa. E o Papai Noel?

As crianças nunca fazem perguntas óbvias, sempre são condizentes ao que vivem. “Por que o céu é azul?” “Por que a Lua sumiu?” “O que é porra?” “O que é sexo?” Falar de gigante e Papai Noel é fácil e quando o assunto é explicar um palavrão, que nós mesmos falamos, ou quando o assunto é sexo?

Eu fui criado ouvindo as respostas sem histórias, as minhas perguntas eram respondidas da forma mais sincera possível, obviamente, adotei esse padrão, porém, eu sou mais brincalhão e não perco uma oportunidade de “zoar”, hoje em dia é a minha filha que me regula, “papai, o senhor me mata de vergonha”.

O vínculo é construído não pela pergunta e nem pela resposta, mas pela confiança, sempre faremos perguntas óbvias para alguém, mas se esse alguém entender que a pergunta pode ser óbvia, mas o relacionamento não, a tolerância irá firmar a amizade. Alguém que deseja saber por que o café é preto não é idiota, mas quem assim pensa, sem saber explicar e ainda se acha o sabidão, esse é o verdadeiro idiota.