sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Música de Protesto




A música talvez seja a expressão artística mais antiga da humanidade e segundo a Bíblia, antes mesmo do mundo ser mundo, os anjos cantavam. É sabido também que não existe nenhum agrupamento humano, que não tenha desenvolvido sua própria cantoria ou estilo musical.

A postagem anterior, sobre o RAP americano demonstra a força da música dentro de uma cultura, foi levado da Jamaica mas tomou força nas periferias de Nova Iorque e logo espalhou-se por todo o país. O rei do rock, Elvis Presley. O rei do pop, Michael Jackson, mas não existe um rei do RAP, são vários. Ainda que as gravadoras lancem as músicas que vendem, são os rappers os multimilionários da mídia americana. São eles que cantam com “ritmo e poesia”, as verdades da existência negra e discriminada com tamanha resistência.

Por aqui não foi muito diferente, praticamente não existem traços da música indígena, nossa música foi trazida pelos europeus, somente a partir do século 19 que a música popular começou a tomar suas formas, a bossa nova, o samba, o forró e o sertanejo tomaram suas devidas proporções. E o Rap?

Não poderíamos esperar algo diferente, foram discriminados logo de cara. O RAP era música de bandido. Histórias como a de Tupac Shakur, que levou cinco tiros num assalto em Nova Iorque no início de sua carreira e morreu em 1996, baleado dentro do seu carro, fortaleciam o preconceito. Todavia, o RAP sempre foi uma música de protesto, “Tempos Difíceis” do Racionais MC’s, inicia o seu clip com uma mulher negra carregando seu filho, um bebê branco. Lançada em 1993 e desde então o rap nacional só cresceu em todos os segmentos, ainda que aqui não tenha a mesma força que o americano, a música de protesto não pode parar.

Vida longa ao RAP!





quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Ritmo e Poesia


Rhythm and Poetry (Ritmo e Poesia), ou apenas RAP, é certo que você já ouviu por aí, mas sempre foi uma música discriminada, de “preto, pobre, perdido, drogado e sem futuro”, assista os videos abaixo e conversaremos no próximo post.











quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Mais Perto ou Longe de Mim

[Mashup]

Halsey
Ah o Amor!

Eu tento não escrever sobre essas coisas, que coisas? Essas coisas que mexem com o coração da gente. “Eu sei que isso parte o coração, afinal, eu estava indo tão bem antes de te conhecer. Dá vontade de nunca envelhecer”.

Lembra quando isso aconteceu com você? Os seus olhos brilharam agora, sua mente viajou, seu coração acelerou e um suspiro saiu sem querer. “Lembrou-se daquela vez que estava no banco de trás do carro, não importava mais nada”, só queria estar cada vez MAIS PERTO”.

O seu coração já “quebrou” alguma vez? “Cem tentativas você deu ao amor, mas parece que os demônios insistem em te seguir. Então você decide enfrentar os demônios de outro, por amor. Esse amor que todos dizem que é cego”.

“Abriu mão de si mesmo e colocou o outro lá em cima, mas ele insiste em não reconhecer isso. Se acha tão alto, numa posição que só te faz querer que permaneça LONGE DE MIM”.

Inspiração:.

Closer, The Chainsmokers com participação de Halsey.



Without Me, Halsey.



A pequenina Halsey, estadunidense, com sua voz marcante se junta às novas sensações da música pop atual. As duas musicas tratam de situações diferentes, mas que eu descrevi como se fossem de uma mesma vida. Está cada vez mais fácil colecionar fracassos amorosos que nos colocam mais perto de um caminhar solitário ou descompromissado. “Longe de mim, já chega o que eu passei”. Quantas vezes você ouviu essa frase ou pior, quantas vezes você disse isso? Resta um pouco de consolo que emana do amor, ainda que seja penoso, ele está por aí, é o que ainda nos mantêm humanos.


terça-feira, 27 de novembro de 2018

The Guys



Jack MA, disse que a melhor forma de ter sucesso é o empoderamento das pessoas ao seu redor. Steve Jobs, disse que um dos segredos de sua carreira é ter trabalhado com as pessoas mais apaixonadas pelo que faziam, que já conheceu. Elon Musk, disse que “o que fazemos é romper barreiras e dar motivos para as pessoas ficarem empolgadas e inspiradas por ser humanas”. Que a habilidade de atrair e motivar ótimas pessoas é crítico para o sucesso de uma empresa. Gary Vee, afirma que o mais importante não é o quanto você ganha, mas como você ganha.

Numa viagem aos EUA em 1995, Jack conheceu a internet e quando retornou a China, seu país de origem, fundou uma empresa que trabalharia com internet, foi apelidado de Jack “Crazy” (louco), pois, a China não tinha internet naquela época. Hoje é o homem mais rico do país e um dos mais ricos do mundo com o sucesso de sua empresa, AliExpress. Steve Jobs dispensa apresentações, iniciou o seu sucesso ainda em 1975 criando computadores pessoais para os amigos, quando o mundo ainda nem sabia direito o que eram computadores, fundou a Apple. Elon Musk, é o primeiro ser humano a enviar um foguete ao espaço (SpaceX), antes dele, Russia, Estados Unidos e China. Musk também é o fundador da Tesla Motors, uma fabrica de carros elétricos que confronta os carros a combustão. Gary Vaynerchuck ou Gary Vee, um judeu nascido na antiga União Soviética, imigrou para a América em 1978, um famoso crítico de vinhos que fez a vinícola da família aumentar os lucros de 3 milhões para 60 milhões de dólares, é também pioneiro no marketing digital e autor best seller.

O que esses “guys” (caras), têm em comum?

Primeiro gostaria de dizer que nunca seremos como nenhum deles, isso mesmo, você e eu, nunca seremos como eles. Porém, ONDE PODEMOS CHEGAR?  Segundo, todos tem uma fala em comum: PARE DE RECLAMAR, inclusive, Jack Ma dá uma dica, “onde existem pessoas reclamando, é lá que estão as oportunidades”. Terceiro, todos trabalharam e trabalham MUITO, todos os dias, horas e horas a fio. Quarto, descubra em que você é bom e trabalhe nisso até ser melhor ou o melhor. Quinto, se acha que vai ser tudo “mamão com açúcar”, nem comece. Não importa o quanto de dinheiro você tenha, inteligência, capacidade, uma boa equipe, diplomas e experiências, VOCÊ VAI FALHAR e quando isso acontecer a forma que vais reagir, é o que fará GRANDE DIFERENÇA. Sexto e último, todas essas pessoas reconhecem o valor do crescimento orgânico, por mais que tenham uma posição de destaque, não chegaram lá de forma independente e sim, interdependente.

Abaixo um vídeo de Gary, trabalhar muito e com paciência.





segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Solitário Feliz


Um mundo independente seria melhor? Cada vez mais sozinhos, será que é isso mesmo que desejamos, ou simplesmente estamos nos afastando sem nem percebermos? O significado de comunidade carrega em si “comunhão”, porém, há muito tempo que significa apenas “um grupo de pessoas que vive numa região”, não precisam comungar entre si. Cada vez mais os prédios tomam lugares de casas, estão todos ali, “juntos” e independentes, moram no mesmo lugar e no geral, nem se conhecem.

O mundo corporativo mudou, as grandes corporações continuam grandes, mas os gigantes de hoje são diferente dos gigantes de vinte anos atrás. No passado os gigantes andavam lado a lado, brigavam entre si, formavam oligopólios e tratavam o colaborador como algo vitalício, ou seja, o “peão” sentia que um dia poderia ser pelo menos “duque”. Os gigantes de hoje mataram os gigantes antigos, eram pequenas e médias empresas que perceberam a evolução do individualismo e da independência corporativa, explodiram no mundo das franquias. Os bancos chineses, que bancam esse individualismo, estão entre as maiores empresas do mundo, principalmente de 2008 para cá, das 20 maiores empresas do mundo, 9 são “xinguelingue”, segundo a Forbes.

Esse movimento por independência segue em todos os setores, como é de se esperar num mundo globalizado. A Educação a distância, conforme o censo publicado mês passado pela ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância), confirma que dos 281 cursos presenciais oferecidos pelas universidades, 196 podem ser realizados a distância em uma das 351 instituições que participaram da pesquisa. Em 2017 foram criados 3.137 polos de apoio presencial elevando o total para 11.008, o que demonstra tamanha procura por um estudo individualizado e independente. Em 2009 haviam 528 mil alunos matriculados em algum curso a distância, ano passado foram mais de 7 milhões de matrículas.

Nas relações é obvio que não poderia ser diferente, o brasileiro está casando menos e separando mais, conforme Estatísticas de Registro Civil de 2016, pelo IBGE. Nos últimos cinco anos o número de divórcios cresceu em 75%, atingindo até as igrejas. “O que Deus uniu”, o homem está separando, se é que isso é possível. Consequentemente, o número de crianças crescendo longe do pai ou da mãe, tornou-se uma normalidade aceitável pelo bem da independência.

O que realmente queremos com tanta independência? Será que estamos conseguindo? Solitários Felizes de Sucesso, é isso?

Jess Glynne, cantora britânica, expressa bem os anseios atuais na música abaixo que está entre as mais tocadas no mundo atualmente:.



 Eu não vou usar maquiagem na quinta-feira
Estou farta de encobrir
Estou cansada de me sentir tão quebrada
Estou cansada de me apaixonar
Às vezes eu sou tímida e fico ansiosa
Às vezes estou de joelhos
Às vezes eu tento abraçar todas as minhas inseguranças
Então não vou usar maquiagem na quinta-feira
Porque quem eu sou é o suficiente

E há muitas coisas que eu poderia mudar tão ligeiramente
Mas por que eu iria sucumbir a algo tão diferente de mim?
Eu sempre fui ensinada a ser eu mesma
Não mude por ninguém

Eu quero amar, eu não quero chorar
Não quero essas lágrimas dentro dos meus olhos, sim
Não quero acordar e me sentir insegura
Eu quero cantar, eu quero dançar
Eu quero sentir amor dentro das minhas mãos novamente
Eu só quero me sentir bonita

Oh-oh-oh-oh, eu-
Oh-oh-oh-oh, eu-
Oh-oh-oh, eu só quero me sentir bonita

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Real e Ideal


Aquela pergunta básica, “o que você quer ser quando crescer?”, que todos nós fizemos num dado momento da vida ou alguém perguntou para nós. Agora que estamos crescidos, somos o que desejamos ou a gente vai vivendo?

Algumas pessoas mais próximas sabem que eu realizei um sonho, apenas um, desde criança desejava conhecer a Amazônia, um dia lá estava eu desembarcando no aeroporto de Manaus. Já se passaram 20 anos e continuo vivendo, o sonho passou, mas a vida não. O ciclo terminou, outro inicou, e depois outro, e outro... Estou crescido, ainda não me tornei o que eu queria ser.

Um olhar objetivo, confesso que preciso finalizar algumas coisas que deixei pela metade, iniciar outras que procrastinei e abandonar algumas que insisto em repetir. Ideologicamente? Houve um tempo que eu vivi por um ideal, isso também passou, continuo vivendo.



O que eu quero dizer com tanta enrolação? Simples. Nem sempre “o que você quer ser” vai acontecer, porém, se você mantiver o objetivo firme em um ideal, algo vai se tornar real. Hoje, tenho alguns objetivos com um propósito ainda em formação, do tempo que realizei um sonho para cá, retive o que era bom, adquiri experiências e não é que me peguei sonhando!

O real pode não ser o ideal, mas é o caminho para chegar lá. Acredito que tão importante quanto ter um ideal na vida, são os passos, as escolhas, as realizações, os ganhos, as perdas, as alegrias e tristezas que vivemos nesse caminhar. Um propósito não é tão simples, no geral, só descobrimos pouco a pouco.

Não, infelizmente não tenho a fórmula do sucesso em 10 passos para te dizer. O que eu sei, é que sucesso sem propósito termina em ostentação, enquanto a certeza de um ideal, neutraliza a paranoia do sucesso e afirma a realização de sonhos.

domingo, 18 de novembro de 2018

Potencial e Desempenho



Sempre recebo elogios sobre os meus textos, o mais comum é “você tem muito potencial” o que não significa que tenho um bom desempenho, afinal, alto potencial e baixo desempenho não gera nada no fim das contas. É possível um alto desempenho com baixo potencial? Sim. Pessoas inteligentes e esforçadas conseguem bons resultados sem necessariamente estarem desenvolvendo o potencial efetivo. Um jogador de futebol pode cantar ou um escritor pode dançar.

Vimos nos últimos anos surgirem várias tendências em busca de otimização do potencial para melhoria de desempenhos. As empresas buscam produtividade e lucro, artistas e pensadores buscam inspiração e criatividade. Nas escolas, cada vez mais cedo os testes de aptidão procuram os potenciais que serão revelados nos testes de desempenho.

O potencial é aquilo que você diz, “não sei viver sem fazer isso”, desempenho é “o que você faz”. Potencial é a força, na filosofia chamada de vontade, o desempenho é a execução. O seu potencial pode nunca ser descoberto pela humanidade, mas o seu desempenho sempre será avaliado, que tal unir o útil ao agradável? Todos precisam de sustento, mas apenas uma pequena parcela vive do seu potencial.

Lá vou eu para frente dos holofotes, “eu não sei viver sem escrever”, porém, não tiro o meu sustento do que escrevo, pelo menos ainda não. Eu sou um vendedor. Aqui entra uma outra curiosidade sobre o potencial, não importa o que você faça, ou seja, o que você está desempenhando pode não ter nada a ver com aquilo que faz você sentir-se realizado, mas você está consciente disso. Essa consciência sempre vai te desviar do caminho, mudar os planos, criar alternativas para te trazer de volta. É esse potencial consciente que não me deixa parar.

Por fim, se você, como eu, não está desempenhando o seu potencial como gostaria, calma, não se desespere. Pode ser que você buscou estabilidade num concurso, uma profissão que te trouxesse riqueza, usou seu tempo e dinheiro nas baladas e festas, ou simplesmente, não está nem aí para esse papo de potencial e desempenho. O que posso dizer é que mais cedo ou mais tarde, suas realizações vão te confrontar e nesse confronto tardio como o meu, ou, antecipado como deve ser para a maioria, perceba o quanto de potencial você têm.

Assista o pequeno vídeo abaixo e que seja "o momento decisivo" de potencialização no seu desempenho.







sábado, 17 de novembro de 2018

“Ou você precisa de mais?”



A superfície é sempre o lugar mais seguro. 15 de novembro de 2017 um submarino argentino desapareceu, 15 de novembro de 2018 ele foi achado a 800m de profundidade. Esse encontro de datas é apenas uma coincidência? Algo parecido aconteceu comigo, escrevi nessa postagem. Hoje, li uma reportagem que tinha na manchete que os parentes estavam “muito chocados” com aparecimento do submarino, não é para menos quando levaram em conta as datas. Não há mais esperança para os tripulantes, todos estão cientes, porém, sempre existe algo mais profundo que está além do nosso entendimento.

Maslow, um psicólogo americano famoso, desenvolveu a hierarquia das necessidades, também chamada de pirâmide de Maslow, na qual ele divide em cinco conjuntos, de baixo para cima seriam: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessidades sociais, necessidades de estima e no topo da pirâmide, necessidade de realização pessoal. É um assunto bastante estudado em várias áreas.

Eu penso ser difícil criar uma hierarquia quanto às necessidades, percebo assim como outros autores, que as nossas necessidades são simultâneas, interligadas e congruentes. Porém, assim como Maslow entendeu, nós também compreendemos, precisamos de mais. Esse “mais” não está na superfície. O adicional pode vir de uma profundidade que nunca pensamos poder chegar, pode emergir de 800m ou pode surgir de uma grande perda inesperada. Você está entendendo? É o que Maslow colocou no topo da pirâmide, a realização pessoal.

Em geral pensamos que essa realização tem a ver com nossas conquistas, porém, nem sempre o que conquistamos revela quem nós somos. Não é difícil encontrar pessoas intelectuais e ricas que não se sentem “realizadas”, enquanto outros com menos títulos e riquezas conseguem viver um pouco além da superfície, simples, estão realizadas com quem elas são. Atualmente, está evidente o quanto as pessoas estão ávidas para serem aceitas naquilo que declaram ser, é diário nos meios de comunicação as inúmeras manifestações nesse sentido. Queremos ser vistos como alguém “realizado”. Entre nas mídias sociais agora mesmo e veja o quanto de postagens nesse sentido.

Vou finalizar comentando a múscia que inspirou esse post, Shallow (raso, superfície), Lady Gaga e Bradley Cooper. Me diga uma coisa, você está feliz neste mundo moderno? Ou você precisa de mais? Existe algo mais que você está procurando? Na superfície você está mais seguro, porém, quanto mais profundo menos você é atingido.




sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Aposentadoria ou Morte!



O grito do Ipiranga, “Independência ou morte!” Lá em 1822, representou a astúcia de Dom Pedro I diante do governo português e garantiu para si, a monarquia em terras brasileiras, que iria durar por 67 anos, até a Proclamação da República no dia 15 de novembro de 1889, pelo Marechal Deodoro. Até esse momento não existia aposentadoria no Brasil na forma que existe hoje, somente para alguns militares e funcionários públicos após trinta anos de serviço. Contextualizando essa opção para o início do século XIX, levando-se em conta que a média de vida era de 35 anos, segundo o IBGE, o grito da república seria “Aposentadoria ou Morte”, consequentemente, a morte.

Na Europa não era diferente, porém, na Alemanha existiam movimentos que levaram Otto Bismarck, chanceler alemão a normalizar a aposentadoria. Por aqui, aconteceu algo bem pior, o que fazer com os negros que tinham acabado de ganhar a emancipação pela Lei Áurea?

“Esta é uma história de tragédias, descaso, preconceitos, injustiças e dor. Uma chaga que o Brasil carrega até os dias de hoje” – Gilberto Maringoni.


Sobre a foto, O negro e o membro da elite. O primeiro, descalço, tira o chapéu, em respeito. O segundo parece alheio a quem está ao seu lado. A legenda da foto em Fon Fon nº 6, 18 de maio 1907 é: “Príncipe Dom Luiz [de Orleans e Bragança (1878-1921)] com o banhista Sant’Anna que o ensinou a nadar na praia do Flamengo”. A Abolição manteve libertos em posição subalterna na sociedade. Acervo Gilberto Maringoni

Estima-se que existiam oitocentos mil escravos em 1889. Alguns anos antes devido a pressão de vários grupos abolicionistas, o Brasil começou a incentivar os trabalhadores imigrantes para as lavouras do Sudeste, região que concentrava o maior número de negros, dessa forma trabalhavam juntos o assalariado e o escravo, com a abolição, o número de imigrantes triplicou e passou a se tornar abundante mão de obra, enquanto os ex-escravos “um imenso exército industrial de reserva, descartável e sem força política na jovem República”.

Já é sabido que as minhas postagens são curtas e simplificadoras, busco ir direto ao ponto, assim, negros livres foram lançados a própria sorte, sob forte discriminação e racismo, indesejados e “desocupados”. Mendigos, crianças de rua, culminou para o resultado óbvio, a marginalização e aumento da violência. Enquanto a classe trabalhadora buscava o direito a aposentadoria, aos negros restou a luta pela vida.

“Por elas vivem mendigos, os autênticos, quando não se vão instalar pelas hospedarias da rua da Misericórdia, capoeiras, malandros, vagabundos de toda sorte: mulheres sem arrimo de parentes, velhos que já não podem mais trabalhar, crianças, enjeitados em meio a gente válida, porém o que é pior, sem ajuda de trabalho, verdadeiros desprezados da sorte, esquecidos de Deus(...) No morro, os sem trabalho surgem a cada canto” – Luiz Edmundo (1878-1961), O Rio de Janeiro do meu tempo.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

ONDE os FRACOS Têm Sua VEZ


Em 2008 o filme, “Onde os fracos NÃO têm vez”, foi indicado a oito Oscars e ganhou quatro, melhor filme, melhor direção, melhor roteiro adaptado e melhor ator coadjuvante para Javier Bardem, que merece destaque com uma daquelas atuações antológicas do cinema, pode até esquecer o nome do filme, mas vai lembrar daquele “matador frio com arma de ar comprimido”. Apesar de ser um filme de dez anos atrás, não vou soltar spoilers, apenas dizer que retrata um “combate” entre a “fraqueza” e a “esperteza” na tomada de decisões.

A Agência de Notícias do IBGE publicou hoje mais um resultado da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.
“Obtém informações anuais sobre características demográficas e socioeconômicas da população, como sexo, idade, educação, trabalho e rendimento, e características dos domicílios, e, com periodicidade variável, informações sobre migração, fecundidade, nupcialidade, entre outras, tendo como unidade de coleta os domicílios. Temas específicos abrangendo aspectos demográficos, sociais e econômicos também são investigados”.

Veja toda a matéria AQUI. O que chamou a minha atenção foi o contingente de DESALENTADOS, “as pessoas que estão desempregadas e desistiram de procurar empregos” (IBGE). Para a minha surpresa, o Maranhão é o que tem maior taxa percentual (16,6%), dentro da força de trabalho e também, a menor porcentagem de trabalhadores com carteira assinada (51,1%), de todo o Brasil, ou seja, metade dos trabalhadores do estado. Isso é assustador! Será aqui a terra onde os fracos têm sua vez?

O desalentado é aquele jovem no inicio de carreira ou o muito idoso, ambos não conseguem trabalho e simplesmente, DESISTEM, vou repetir, DESISTEM de procurar. São aquelas pessoas que saem diariamente para entregar currículos e por algum motivo não são chamadas e desacreditam, perdem a esperança. São pessoas que acreditam que “a crise está grande” e outras notícias fatídicas e desanimadoras. Inúmeros fatores influenciam esse grupo, que faz parte da força de trabalho maranhense.

Muitas dessas pessoas tiram o sustento do trabalho informal e autônomo, mas como causar uma influência positiva para um grupo que não acredita mais no sistema político econômico, e pior, não acredita em si mesmo? O que causou tanta desesperança? É possível reverter esse quadro?

terça-feira, 13 de novembro de 2018

PROTEJA as diferenças, ELIMINE o preconceito.



O Maranhão é o terceiro estado em quantidade de pessoas pardas e o sétimo em quantidade de negros, segundo o último censo do IBGE em 2010. Santa Catarina é o estado com mais pessoas brancas, cerca de 85% da população.

Pela segunda vez fui passear nas redondezas de Balneário Camboriú, Penha e Navegantes, na primeira vez minha filha tinha 8 anos, dessa vez está com quinze. Na viagem anterior ela estava deslumbrada com os brinquedos e bichos. Agora, percebeu a diferença racial e cultural.
       
- Pai, aqui quase não tem negros.
- Verdade, historicamente, no período da escravidão levaram mais negros para lá, do que para cá.
- Ah tá - resposta padrão dos adolescentes modernos, que significa “entendi”.
- Percebeu como aqui as pessoas são mais tatuadas do que em nossa cidade? – eu perguntei.
- É sim, vou ter que vir morar aqui, para mamãe não arrancar o meu couro quando eu fizer a minha.
            - Ah tá – resposta de um pai antiquado, que não levou em conta a resposta insolente da filha, sobre a figura da mãe.

Continuei a conversa sobre essas questões ideológicas regionais. O Nordestino tem uma criação mais rígida e pouca aceitação para as tatuagens. O Sul tem muita aceitação para as tatuagens e outros tipos de comportamentos mais exóticos. Vivemos recentemente outro momento ruim em nossa democracia, quando os nordestinos escolheram o candidato do PT, como se um voto definisse toda a vida de uma pessoa, as redes sociais espalharam críticas e mais críticas.

Veio a tona, mais uma vez, aquilo que nós somos, veja que escrevi “nós”, o preconceito. O pensamento arbitrário, que a minha vontade ou o meu jeito é superior e melhor que o do outro e esse deve ser rejeitado, em alguns casos, eliminado. Você não tem preconceitos, deve estar pensando agora. Já esteve pessoalmente com um índio, ou um jovem tatuado até o branco do olho? Um negro, ou um homossexual? Alguém com deficiência física, intelectual ou mental? Nesse seu contato conseguiu ser você mesmo ou teve aquela vontade de se afastar de fininho, desconversar, puxar os seus filhos pra perto... Ah mas isso não é preconceito. Nunca é para você, só para os outros.

Caso ainda esteja lendo, sentir isso é totalmente normal, você não precisa achar que é a pior pessoa do mundo por sentir um desconforto próximo de alguém diferente. Só não precisa permanecer assim. O estado com o maior número de população amarela ou indígena é Roraima, onde morei por mais de dois anos. Assim que cheguei, senti um incomodo pelo jeito de ser do índio, não quero ser hipócrita, mas a convivência me mostrou que consigo superar meus preconceitos, afinal, eu sou estranho até para os meus comuns. Em pouco tempo assimilei esse “jeito de ser” e superei. Adquiri hábitos e aprendi a aceitar a diferença sem tentar impor o meu jeito.

Meu pai é negro, minha mãe era branca. Eu sou pardo e paulista. Minha filha é branca e amazonense. Tudo que eu posso dizer sobre o preconceito é que ele está dentro da gente, não porque somos ruins, e sim, porque rejeitamos as diferenças. Quando a maioria das pessoas entenderem isso, conseguirão lidar com seus preconceitos, invés de tentar eliminar as diferenças.


quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Tsunami Básico


Grande parte da minha vida eu passei próximo ao mar. Sempre admirei a imensidão azul e os mistérios sob as águas. A pesca de arrasto, de linha, as brincadeiras nas ondas, o surf, ou simplesmente sentar e admirar o crepúsculo.



Um dia ouvi uma notícia que um Tsunami havia matado mais de 200 mil pessoas, que as suas ondas haviam atingido da África do Sul, Chifre da África, Índia até a Indonésia. Geografia era uma matéria preferida e durante a notícia tentava visualizar no mapa a dimensão disso tudo, não acreditei. Rapidamente pesquisei na internet para ver o mapa global, ainda assim, não conseguia acreditar, por mais que fosse verdade, era algo inconcebível para o meu entendimento, porém, quando as imagens apareciam na TV, aos poucos “é verdade”, “é verdade”, “é verdade”, reverberava claramente. Aconteceu em Dezembro de 2004. Em questão de horas, milhares de pessoas perderam suas vidas e as que sobreviveram, ficaram sem nada. Eu nem consigo imaginar como deve ser isso. Os desastres naturais estão aumentando no decorrer dos anos, por quê isso?

Os especialistas apontam o aquecimento global como o fator principal, em 2015 aconteceram 15 furacões que causaram destruição, quando a média era 6. O Brasil está alocado numa região livre da maioria dessas forças, talvez por isso nossa apatia em relação a esses fatos. Quando acontece algo por aqui, no geral está envolvido falta de planejamento ou desrespeito a natureza. Só para termos uma ideia, a Lei do Saneamento Básico completou 10 anos em 2017 e ainda temos 50% da população sem esgotos, literalmente, estamos cagando pra isso. Pesquise na internet e veja você mesmo.

Tudo que é básico no Brasil é uma “merda”, quer ver só, saúde básica? Educação básica? Salário básico? Segurança básica? Saneamento... Ops, já falei desse. Observe que os estudantes de classe média e alta, que tem condições de pagar, procuram universidades públicas e conseguem o maior número de vagas, o motivo? Tiveram uma educação básica melhor. Os estudantes de famílias de baixa renda, que estudaram em escolas públicas não conseguem nem 40% das vagas nas mesmas universidades, e isso é porque vivemos quase 20 anos de um governo assistencialista. Nem vou comentar os demais itens, está tudo às claras, pesquise. Eu não sou contra nenhum tipo de assistencialismo, porém, como alguém já disse “precisamos aumentar o número de pessoas que deixam o assistencialismo e não o contrário”.

Agora surgiu uma onda de “riquinhos das universidades públicas” proclamando “resistência”, pelo amor de nós, entendam o básico e aproveitem melhor a oportunidade que conseguiram, vivemos um “Tsunami” político devastado pela corrupção e desvio de bilhões de Reais. Dinheiro esse que poderia ser usado, basicamente, para melhorar a vida daqueles que necessitam de assistência. "É verdade", "é verdade", "é verdade", precisamos mais do básico.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

A Queda


Dois dias atrás a minha filha mergulhou no Half de skate e “ganhou” quatro pontos no queixo, que certamente deixará uma cicatriz. Uma marca que lembrará por muito tempo um comportamento, que não devera ser repetido, isso se ela for esperta o suficiente para ter aprendido a lição. Pelo que eu conheço, na próxima vez que for ao parque e não vai demorar, vai ter receio, vai temer, vai recuar, vai lembrar e por fim, espero que faça tudo de novo e ACERTE.


As cicatrizes servem para nos lembrar de que algo deu errado, porém, não precisa dar errado sempre. A queda foi um acidente que poderia ter sido evitado, faltou controle, prudência, precaução, habilidade, técnica, segurança, no geral não é assim? Na próxima vez, não significa que vai dá certo, mas pelo menos uma forma de dá errado estará bem clara na mente e marcada no corpo.

No momento da dor precisamos de ajuda. Eu estava lá e fui o primeiro a ajudá-la, de “sangue quente” não sentia dor, a expressão de medo com o olhar de socorro em minha direção. “Calma, estou aqui, deite, respire...” O sofrimento não escolhe hora, não escolhe dia, ele faz parte da nossa vida. “Quem faz esses esportes pode se machucar”, certinho, você tem razão, todavia, qual o critério para o sofrimento nos alcançar, ou melhor, como não sofrer?

Para essa pergunta eu não tenho resposta, o melhor mesmo é ter para onde olhar e ver que alguém se importa, que está correndo para te ajudar e mesmo que não possa fazer muita coisa, pelo menos vai te confortar e apoiar a sua cabeça. Ninguém sente a dor do outro, a nossa dor é sempre a mais dolorida, quando temos marcas, lembramos de como doeu e mesmo quando não temos, sabemos que dói, infelizmente, precisamos sentir para saber como é, de fato.

Observe os esportes radicais, é impressionante como essas pessoas caem tanto e continuam levantando. Chega a ser assustador e de fechar os olhos, no mesmo instante, lá vai de novo e acerta a manobra. Não sentem dor? Claro que sim. Não sofrem? Muito. Por quê fazem isso? Cada um tem sua própria motivação, o que fica claro é que aprenderam a conviver com a dor, desenvolvem resistência e com o passar do tempo, superam as dificuldades e aperfeiçoam-se

É difícil encontrar propósito no sofrimento, não tenho nenhuma frase clichê, apenas que o sofrimento não é para sempre, algum momento ele vai passar e deixará marcas, mesmo que não seja visível, nossa alma ficará marcada. No vídeo abaixo é uma volta perfeita, rara de acontecer por melhor que seja o atleta, o que nos chama a atenção pelo assunto abordado, é que parece que ele não tem marcas, acredite, deve ter sim, muitas.


Preste atenção que dessa "batalha" saem dois vencedores, um que foi superado e outro que superou, ambos são reconhecidos. Observe que Gagnon está com 91,66, uma nota fantástica, no canto direito superior. Veja o que White conseguiu fazer.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Varsóvia, O Gueto


Um ano após a invasão alemã na Polônia em 1939, iniciou-se o plano de Hitler para isolamento e posterior extermínio dos judeus. Quase 120 mil poloneses que viviam num bairro determinado foram retirados, cercaram com um grande muro e para lá enviaram o povo hebreu, que chegou a quase 400 mil pessoas, viviam com fome, pois a “ração” cedida pelos invasores, não chegava nem a 200 kcal(quilocalorias) por dia, enquanto o normal seria 2.000 kcal, era o Gueto de Varsóvia.


Aqui está um acervo de fotos sobre o Gueto, de onde retirei a foto acima. 

O pior de tudo ainda estava por vir, 100 mil haviam morrido de fome e tifo, o exército alemão iniciou a retirada dos judeus do Gueto direto para o campo de extermínio em Treblinka, mais de 300 mil foram mortos nas câmaras de gás e outras formas. Ao perceberem o que estava acontecendo, o remanescente formou uma resistência judia e escolheram “morrer com dignidade” no Levante de Varsóvia, dos 40 mil que se armaram fracamente, apenas 5 mil sobreviveram. Aqui você pode ler uma narrativa melhor desse combate.

Vários filmes foram inspirados, entretanto, O Pianista tem merecido destaque tanto pelo filme como pela história de vida do diretor, Roman Polanski, um judeu sobrevivente do gueto de outra cidade polonesa, Cracóvia. Pode ser esse um dos principais fatores pelo qual o filme foi considerado um dos mais realistas sobre o Gueto de Varsóvia. Antes de sua derrota completa, Hitler ordenou um ataque aéreo e bombardeou o local com tamanha força, que poucos prédios ficaram em pé.


 Atrocidades como essa não podem cair no esquecimento, nós, humanos, temos o péssimo hábito de repetir nossos erros. Que jamais venhamos esquecer o quanto o poder centralizado, corrompe, transforma e deforma. Revela aquilo que muitos dizem não existir, o mal.
 “Nós não estamos autorizados a ter opinião. As pessoas podem dizer-lhe para manter a boca fechada, mas não podem impedi-lo de ter a sua própria opinião. Mesmo que as pessoas ainda sejam muito jovens, elas não devem ser impedidas de dizer o que pensam” – Anne Frank.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Varsóvia Resistiu!


Varsóvia é a capital do único país europeu que resistiu a crise econômica de 2008, a Polônia. A crise econômica iniciada por uma “bolha” no sistema imobiliário americano, segundo especialistas, causou a falência de um grande banco gerando o efeito dominó pelo mundo. A solução encontrada pelos EUA foi reestatizar algumas agências de crédito e injetar 200 bilhões de dólares, a maior operação de socorro financeiro feita por esse governo até hoje. Alemanha, França, Áustria, Holanda, Bélgica, Itália, todos tiveram que fazer o mesmo. A Grécia quebrou alguns anos depois.

Uma das razões que fortaleceu a economia polaca, foi a sobrevivência e posterior resistência ao Comunismo. Desde a segunda guerra mundial, os poloneses foram assolados por um poder centralizador e totalitário, ao ponto de três pessoas reunidas na rua ser considerado crime, não existia livre mercado, para tudo precisava entrar numa fila e comprar somente a quantidade permitida pelo governo, para se ter uma ideia, poderiam comprar sete rolos de papel higiênico por ano. Milhares de pessoas simplesmente desapareciam, bastava uma simples denuncia de que “tal” pessoa era contra o regime.

Após o colapso da União Soviética em 1989, a derrubada do muro de Berlim e consequente queda do Comunismo na Europa, a Polônia adotou práticas políticas econômicas moldadas na Escola Austríaca, ou seja, o “Livre Mercado”. Rapidamente privatizaram estatais, desmantelaram o controle de preços e tomaram medidas cambiais, diminuíram alíquotas e aumentaram as receitas. Eliminaram regulamentações que dificultavam a iniciativa privada e assim tornou-se o país europeu com o maior número de pequenos e médios empreendedores, outro segredo revelado durante a crise.

“Se o povo polonês conseguir ater-se às traumáticas lições trazidas pelo Comunismo, e seguir destemidamente o seu atual caminho, então esse país que simbolizou o campo de batalha do Século XX poderá se tornar o paradigma do Século XXI”  - Peter Schiff.

Assista o vídeo abaixo e veja quem é Peter Schiff.