Dois dias
atrás a minha filha mergulhou no Half de skate e “ganhou” quatro pontos no
queixo, que certamente deixará uma cicatriz. Uma marca que lembrará por muito
tempo um comportamento, que não devera ser repetido, isso se ela for esperta o
suficiente para ter aprendido a lição. Pelo que eu conheço, na próxima vez que
for ao parque e não vai demorar, vai ter receio, vai temer, vai recuar, vai
lembrar e por fim, espero que faça tudo
de novo e ACERTE.
As cicatrizes servem para nos lembrar
de que algo deu errado, porém, não precisa dar errado sempre. A queda foi um acidente que
poderia ter sido evitado, faltou controle, prudência, precaução, habilidade,
técnica, segurança, no geral não é assim? Na próxima vez, não significa que vai
dá certo, mas pelo menos uma forma de dá errado estará bem clara na mente e
marcada no corpo.
No momento da dor precisamos de ajuda. Eu estava lá e fui o primeiro a ajudá-la,
de “sangue quente” não sentia dor, a expressão de medo com o olhar de
socorro em minha direção. “Calma, estou aqui, deite, respire...” O sofrimento
não escolhe hora, não escolhe dia, ele faz parte da nossa vida. “Quem faz esses
esportes pode se machucar”, certinho, você tem razão, todavia, qual o critério
para o sofrimento nos alcançar, ou melhor, como não sofrer?
Para essa pergunta
eu não tenho resposta, o melhor mesmo é
ter para onde olhar e ver que alguém se importa, que está correndo para te
ajudar e mesmo que não possa fazer muita coisa, pelo menos vai te confortar e
apoiar a sua cabeça. Ninguém sente a dor do outro, a nossa dor é sempre a mais
dolorida, quando temos marcas, lembramos de como doeu e mesmo quando não temos,
sabemos que dói, infelizmente, precisamos sentir para saber como é, de fato.
Observe os
esportes radicais, é impressionante como essas pessoas caem tanto e continuam
levantando. Chega a ser assustador e de fechar os olhos, no mesmo instante, lá
vai de novo e acerta a manobra. Não sentem dor? Claro que sim. Não sofrem?
Muito. Por quê fazem isso? Cada um tem sua própria motivação, o que fica claro
é que aprenderam a conviver com a dor, desenvolvem resistência e com o passar
do tempo, superam as dificuldades e aperfeiçoam-se.
É difícil encontrar propósito no sofrimento, não tenho nenhuma
frase clichê, apenas que o sofrimento não é para sempre, algum momento ele vai
passar e deixará marcas, mesmo que não seja visível, nossa alma ficará marcada. No vídeo abaixo é uma volta perfeita, rara de acontecer por melhor que seja o atleta, o que nos chama a atenção pelo assunto abordado, é que parece que ele não tem marcas, acredite, deve ter sim, muitas.
Preste atenção que dessa "batalha" saem dois vencedores, um que foi superado e outro que superou, ambos são reconhecidos. Observe que Gagnon está com 91,66, uma nota fantástica, no canto direito superior. Veja o que White conseguiu fazer.
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