O Maranhão é o terceiro estado em quantidade
de pessoas pardas e o sétimo em quantidade de negros, segundo o último censo do
IBGE em 2010. Santa Catarina é o estado com mais pessoas brancas, cerca de 85%
da população.
Pela segunda vez fui passear nas redondezas de
Balneário Camboriú, Penha e Navegantes, na primeira vez minha filha tinha 8
anos, dessa vez está com quinze. Na viagem anterior ela estava deslumbrada com
os brinquedos e bichos. Agora, percebeu a diferença racial e cultural.
- Pai, aqui quase
não tem negros.
- Verdade,
historicamente, no período da escravidão levaram mais negros para lá, do que
para cá.
- Ah tá -
resposta padrão dos adolescentes modernos, que significa “entendi”.
- Percebeu como
aqui as pessoas são mais tatuadas do que em nossa cidade? – eu perguntei.
- É sim, vou ter
que vir morar aqui, para mamãe não arrancar o meu couro quando eu fizer a
minha.
-
Ah tá – resposta de um pai antiquado, que não levou em conta a resposta
insolente da filha, sobre a figura da mãe.
Continuei a conversa sobre essas questões ideológicas
regionais. O Nordestino tem uma criação mais rígida e pouca aceitação para as
tatuagens. O Sul tem muita aceitação para as tatuagens e outros tipos de
comportamentos mais exóticos. Vivemos recentemente outro momento ruim em nossa
democracia, quando os nordestinos escolheram o candidato do PT, como se um voto
definisse toda a vida de uma pessoa, as redes sociais espalharam críticas e
mais críticas.
Caso ainda esteja lendo, sentir isso é
totalmente normal, você não precisa achar que é a pior pessoa do mundo por
sentir um desconforto próximo de alguém diferente. Só não precisa
permanecer assim. O estado com o maior número de população amarela ou indígena
é Roraima, onde morei por mais de dois anos. Assim que cheguei, senti um incomodo pelo jeito de
ser do índio, não quero ser hipócrita, mas a convivência me mostrou que consigo
superar meus preconceitos, afinal, eu sou estranho até para os meus comuns. Em
pouco tempo assimilei esse “jeito de ser” e superei. Adquiri hábitos e aprendi
a aceitar a diferença sem tentar impor o meu jeito.
Meu pai é negro, minha mãe era branca. Eu sou
pardo e paulista. Minha filha é branca e amazonense. Tudo que eu posso dizer
sobre o preconceito é que ele está dentro da gente, não porque somos ruins, e
sim, porque rejeitamos as diferenças. Quando a maioria das pessoas entenderem
isso, conseguirão lidar com seus preconceitos, invés de tentar eliminar as
diferenças.
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