sábado, 15 de dezembro de 2018

Controle de Riscos


Controlamos riscos o tempo inteiro, antes de atravessar a rua, paramos e olhamos para os dois lados. Guardamos o dinheiro na carteira com cuidado para não perder. Esfriamos o café antes de tomar. Tudo isso é automático, porém, a gestão de riscos não é bem assim.

Na aviação, que é um dos seguimentos que mais controla riscos, não dá para ser no automático, pelo contrário, toda atenção é pouca. Desde o trabalho dos agentes de solo, manutenção, aeronautas e também passageiros, tudo visa manter a segurança de voo. O preço do combustível e o alto custo operacional tornam o lucro desse segmento um dos menores existentes, cerca de 2% a 4% ao ano. Além de que nenhum outro sofre tanto com as intempéries climáticas.

Arriscar e lucrar é uma dupla perigosa, os empresários não tem controle do preço dos bilhetes aéreos. Caso fossem repassar na ponta do lápis todos os custos, não existiriam tarifas econômicas. Já que não podem aumentar o preço, pois isso diminuiria as vendas, a solução é “arrochar o nó” e trabalhar no limite. Isso implica em economizar combustível, diminuir custo operacional e cobrar pelo maior número de serviços oferecidos, como despacho de bagagens, venda de lanches a bordo e marcação de assentos. Ainda existem fatores fora de controle, por exemplo, se um voo for cancelado por um problema gerado pelo aeroporto ou condição climática, a companhia aérea é obrigada a pagar alimentação, hospedagem, transporte de ida e volta para o hotel para todos os passageiros prejudicados. Nos Estados Unidos, nesses casos a companhia é obrigada a reacomodar o passageiro em outro voo e apenas isso.

O governo brasileiro liberou 100% de capital estrangeiro nas aéreas nacionais, muitos não sabem, mas isso trará um afrouxamento ao “nó”, que sufoca os aeroviários e aeronautas, pois trabalham sob uma pressão gigantesca quanto a economia de ativos, tempo e precisão. Não podem abrir mão da segurança, não porque existem vidas em jogo, e sim por existirem normas. Diante da necessidade de gerar lucros, são instigados a assumir o risco. Tempo para atendimento de checkin, meta de despacho de bagagem, metas para diminuição de avarias de malas, meta de voos no horário, metas, metas e mais metas, para que a operação gere lucro. Um dos casos mais recentes foi o acidente com o avião que levava a equipe de futebol Chapecoense, em novembro de 2016, no qual 71 pessoas morreram e 6 sobreviveram.  No relatório final do acidente, veja Aqui, consta como primeiro fator a situação econômica ruim da empresa aérea LaMia, que assumiu o risco de um voo longo, quando uma escala para abastecimento seria oneroso, escolheram arriscar e lucrar, infelizmente o risco foi fatal.


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