Controlamos riscos o tempo
inteiro, antes de atravessar a rua, paramos e olhamos para os dois lados. Guardamos
o dinheiro na carteira com cuidado para não perder. Esfriamos o café antes de
tomar. Tudo isso é automático, porém, a gestão de riscos não é bem assim.
Na aviação, que é um dos
seguimentos que mais controla riscos, não dá para ser no automático, pelo
contrário, toda atenção é pouca. Desde o trabalho dos agentes de solo,
manutenção, aeronautas e também passageiros, tudo visa manter a segurança de
voo. O preço do combustível e o alto custo operacional tornam o lucro desse
segmento um dos menores existentes, cerca de 2% a 4% ao ano. Além de que nenhum
outro sofre tanto com as intempéries climáticas.
Arriscar e lucrar é uma dupla
perigosa, os empresários não tem controle do preço dos bilhetes aéreos. Caso
fossem repassar na ponta do lápis todos os custos, não existiriam tarifas
econômicas. Já que não podem aumentar o preço, pois isso diminuiria as vendas,
a solução é “arrochar o nó” e trabalhar no limite. Isso implica em economizar
combustível, diminuir custo operacional e cobrar pelo maior número de serviços
oferecidos, como despacho de bagagens, venda de lanches a bordo e marcação de
assentos. Ainda existem fatores fora de controle, por exemplo, se um voo for
cancelado por um problema gerado pelo aeroporto ou condição climática, a
companhia aérea é obrigada a pagar alimentação, hospedagem, transporte de ida e
volta para o hotel para todos os passageiros prejudicados. Nos Estados Unidos,
nesses casos a companhia é obrigada a reacomodar o passageiro em outro voo e
apenas isso.
O governo brasileiro liberou 100% de
capital estrangeiro nas aéreas nacionais, muitos não sabem, mas isso trará um
afrouxamento ao “nó”, que sufoca os aeroviários e aeronautas, pois trabalham
sob uma pressão gigantesca quanto a economia de ativos, tempo e precisão. Não
podem abrir mão da segurança, não porque existem vidas em jogo, e sim por existirem
normas. Diante da necessidade de gerar lucros, são instigados a assumir o risco.
Tempo para atendimento de checkin, meta de despacho de bagagem, metas para
diminuição de avarias de malas, meta de voos no horário, metas, metas e mais
metas, para que a operação gere lucro. Um dos casos mais recentes foi o
acidente com o avião que levava a equipe de futebol Chapecoense, em novembro de
2016, no qual 71 pessoas morreram e 6 sobreviveram. No relatório final do acidente, veja Aqui,
consta como primeiro fator a situação econômica ruim da empresa aérea LaMia,
que assumiu o risco de um voo longo, quando uma escala para abastecimento seria
oneroso, escolheram arriscar e lucrar, infelizmente o risco foi fatal.
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