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Para
quem foi criança aqui em São Luis na década de 80, cresceu com o reggae pelos
quatro cantos da cidade. Não era o samba nem o sertanejo e muito menos MPB, que
balançava as grandes massas nas festas da cidade. Eram radiolas enormes,
paredões gigantescos de caixas de som, que fazia seu corpo mexer sozinho de
tamanha potência, mais de trinta radiolas disputavam entre si, quem seria a
melhor e maior, os donos chegavam a viajar para a Jamaica para trazer exclusividades.
Ninguém
nesse Brasil imenso sente mais a música do que os maranhenses, pois, arrisco
dizer que menos de 1% da população local, domina o inglês, ou seja, é a
melodia, o ritmo, a pancada, a “pedra” como é chamado um reggae de sucesso.
Foi
pela periferia que o reggae cresceu tanto, o sentimento é tão intenso que dá
vontade de agarrar, por isso aqui é dançado agarradinho. O Roots envolvente, “carinhoso”,
dançante, suave, a música é rebatizada e passa a se chamar “melo”, Melo de
Poliana, Melo de Fátima, Melo de Sônia e por aí vai.
Tudo
que nasce na periferia precisa vencer as barreiras do preconceito e da
discriminação, cabelo rastafári, as roupas extravagantes com as cores da
bandeira jamaicana, o uso da maconha, o estilo de vida “no problem”, era o
esteriótipo de um povo que “sentia” na música o bem estar em meio as
dificuldades vividas. A intenção não era mudar a realidade, mas amaciar a
labuta diária num ritmo que te faz fechar os olhos e flutuar.
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Trinta anos depois tudo mudou, as radiolas sumiram, os clubões extintos. Existem um ou dois lugares sem muito investimento que você pode
curtir uma boa “pedra”. O regueiro, aquele cara que usava a calça na altura dos
peitos, esse desapareceu. Nos restou a tradição e o legado de “Jamaica
Brasileira”. A música nacional atual, sertaneja, pop, rock e funk,
mesmo cantada em bom português, está longe, muito longe de promover um
movimento de mudanças no comportamento como fez o reggae, mais longe ainda de
causar o êxtase causado por cantores como Bob Marley, Peter Tosh, The
Gladiators, Alpha Blondy, Eric Donaldson, Jimmy Cliff e um dos mais venerados
por aqui, Gregory Issacs.
Aqui
vai o Clipe da música
que inspirou esse post em homenagem aos 406 anos de São Luis, dia 8 de
setembro. Sem a tradução, como nos velhos tempos, o que vale é sentir a “pedrada”,
dançar agarradinho e “no problem”.
Segue
links de outros sucessos:
Melo de Poliana(Twink
Twice, Donna Marie)
Superman(Tarrus Riley)
Coco de Rasta(Alpha
Blondy)
Natural Mystic(Bob
Marley)
Rebel In Me(Jimmy Cliff)
Johnny B Goode(Peter
Tosh)
No Slave(Eric Donaldson)
Hello Carol(The
Gladiators)
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