segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Solitário Feliz


Um mundo independente seria melhor? Cada vez mais sozinhos, será que é isso mesmo que desejamos, ou simplesmente estamos nos afastando sem nem percebermos? O significado de comunidade carrega em si “comunhão”, porém, há muito tempo que significa apenas “um grupo de pessoas que vive numa região”, não precisam comungar entre si. Cada vez mais os prédios tomam lugares de casas, estão todos ali, “juntos” e independentes, moram no mesmo lugar e no geral, nem se conhecem.

O mundo corporativo mudou, as grandes corporações continuam grandes, mas os gigantes de hoje são diferente dos gigantes de vinte anos atrás. No passado os gigantes andavam lado a lado, brigavam entre si, formavam oligopólios e tratavam o colaborador como algo vitalício, ou seja, o “peão” sentia que um dia poderia ser pelo menos “duque”. Os gigantes de hoje mataram os gigantes antigos, eram pequenas e médias empresas que perceberam a evolução do individualismo e da independência corporativa, explodiram no mundo das franquias. Os bancos chineses, que bancam esse individualismo, estão entre as maiores empresas do mundo, principalmente de 2008 para cá, das 20 maiores empresas do mundo, 9 são “xinguelingue”, segundo a Forbes.

Esse movimento por independência segue em todos os setores, como é de se esperar num mundo globalizado. A Educação a distância, conforme o censo publicado mês passado pela ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância), confirma que dos 281 cursos presenciais oferecidos pelas universidades, 196 podem ser realizados a distância em uma das 351 instituições que participaram da pesquisa. Em 2017 foram criados 3.137 polos de apoio presencial elevando o total para 11.008, o que demonstra tamanha procura por um estudo individualizado e independente. Em 2009 haviam 528 mil alunos matriculados em algum curso a distância, ano passado foram mais de 7 milhões de matrículas.

Nas relações é obvio que não poderia ser diferente, o brasileiro está casando menos e separando mais, conforme Estatísticas de Registro Civil de 2016, pelo IBGE. Nos últimos cinco anos o número de divórcios cresceu em 75%, atingindo até as igrejas. “O que Deus uniu”, o homem está separando, se é que isso é possível. Consequentemente, o número de crianças crescendo longe do pai ou da mãe, tornou-se uma normalidade aceitável pelo bem da independência.

O que realmente queremos com tanta independência? Será que estamos conseguindo? Solitários Felizes de Sucesso, é isso?

Jess Glynne, cantora britânica, expressa bem os anseios atuais na música abaixo que está entre as mais tocadas no mundo atualmente:.



 Eu não vou usar maquiagem na quinta-feira
Estou farta de encobrir
Estou cansada de me sentir tão quebrada
Estou cansada de me apaixonar
Às vezes eu sou tímida e fico ansiosa
Às vezes estou de joelhos
Às vezes eu tento abraçar todas as minhas inseguranças
Então não vou usar maquiagem na quinta-feira
Porque quem eu sou é o suficiente

E há muitas coisas que eu poderia mudar tão ligeiramente
Mas por que eu iria sucumbir a algo tão diferente de mim?
Eu sempre fui ensinada a ser eu mesma
Não mude por ninguém

Eu quero amar, eu não quero chorar
Não quero essas lágrimas dentro dos meus olhos, sim
Não quero acordar e me sentir insegura
Eu quero cantar, eu quero dançar
Eu quero sentir amor dentro das minhas mãos novamente
Eu só quero me sentir bonita

Oh-oh-oh-oh, eu-
Oh-oh-oh-oh, eu-
Oh-oh-oh, eu só quero me sentir bonita

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