sexta-feira, 14 de setembro de 2018

ENVELHECER


Todas as manhãs no caminho do trabalho, eu libero minha mente para pensar no que escrever. Nem sempre isso funciona às vezes me distraio e acabo pensando no valor de uma viagem para a Indonésia ou como funciona um diapasão. Por que na Lua os cara voa e no mar afunda? Claro que existem respostas, agora vai me dizer que você nunca pensou nessas coisas, assim, nada a ver.

Joe Cocker e sua voz "rasgada" surgiu nas ideias, porem o que deveria ser uma iniciativa, tornou-se um terror, tenho medo da velhice. Calma, eu não surtei, ativou alguma coisa aqui nos “tico e teco” e causou a emersão desse medo. Não é brincadeira, tenho muito medo de envelhecer. Desde pequeno eu dizia que não queria ficar enrugado, com o passar do tempo e a maturidade o medo criou sustentação. Nossa população está envelhecendo rápido, bem mais rápido do que consegue juntar riquezas. O Japão é o país com o maior número de idosos no mundo, porém, eles enriqueceram antes de envelhecer. Pense comigo, no Brasil, metade da população ganha até um salário mínimo segundo o IBGE, dá medo ou não pensar numa velhice assim?

Uma boa velhice(se é que isso existe), não está ligada apenas a condição de vida, claro. 60 anos, segundo o Estatuto do Idoso é a idade que começa a velhice, biologicamente, o corpo começa envelhecer a partir dos 30 anos. Abuso do álcool e tabagismo são os maiores causadores de problemas na velhice, refletem as escolhas que fazemos enquanto somos jovens.

Desenvolver relações sociais ajuda. Quantas vezes você viu um idoso sozinho na luta para subir os degraus do ônibus? Cadê os filhos, os netos, os amigos? Agora você é independente, estranho, antissocial, forte e robusto, não precisa de ninguém, mas e na velhice, quando você estiver sozinho, cheio de dores e tiver que pagar um estranho - se tiver condições para isso -, porque ninguém te suportará. O serviço de cuidador profissional é caro, como a população idosa vai conseguir pagar com uma aposentadoria mínima?

“Nossa que visão pessimista!” Você acha que estou sendo pessimista? Afirmo que se não tiver na sua família, com certeza na sua rua existe um idoso, solitário, que vive a reclamar da vida, se tem uma coisa que idoso sabe fazer é reclamar, prestou atenção nisso? Na juventude a gente não reclama de nada, porque ainda temos forças para tentar mudar, na velhice raramente a realidade de vida poderá ser mudada. Existem inúmeros programas para a terceira idade, porém, tudo é muito mais difícil e limitado.

Joe Cocker faleceu aos 70 anos de idade, câncer de pulmão, quando mais jovem teve problemas com álcool e outras drogas, libertou-se. Juntou riqueza e construiu um lindo rancho, que abriu para visitação do público, criou a Fundação Cocker Kids e nos últimos 20 anos de sua vida, arrecadou 1 milhão de dólares em doações para as escolas de North Fork Valley no estado do Colorado, nos Estados Unidos. Após sua morte em 2014, a fundação encerrou as atividades.

“Unchain my Heart”(Desacorrente o meu coração), sem dúvida é a música mais conhecida, porém, “Up Where We Belong”(Para o alto até onde nós pertencemos), inspirou essa postagem, que diz:

“Quem sabe o que o amanhã trás?
Num mundo, poucos corações sobrevivem.
Tudo que sei é o modo que me sinto,
Quando é verdadeiro, eu mantenho vivo.
A estrada é longa,
Existem montanhas em nosso caminho,
Mas nós escalamos um passo a cada dia...
Alguns insistem no "costumava ser",
Vivem suas vidas olhando para trás.
Tudo que temos está aqui e agora,
Toda nossa vida, lá fora para descobrir...”

Postagem maior do que o costume, finalizo com uma frase de platão:

            “A velhice é um estado de repouso e de liberdade no que respeita aos sentidos. Quando a violência das paixões se relaxa e o seu ardor arrefece, ficamos libertos de uma multidão de furiosos tiranos”.

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