terça-feira, 18 de setembro de 2018

INCOMUM

O que torna uma pessoa incomum? Suas especialidades.

As pessoas tem uma certa aversão a palavra deficiência, preferem dizer especialidade. Parece que a pessoa escolheu, mas na verdade não teve escolha. Adquiriu de nascença ou durante a vida. Outro dia eu vi cegos e surdos, imagine isso. Um mundo de escuridão e silêncio. Existe um outro grupo, que escolheu cuidar desses deficientes, assim como existem inúmeras outras ONG's que cuidam de deficiências diferentes. Isso não os torna tão incomuns também? Você pode ser a pessoa mais especial na vida de outra pessoa, simplesmente porque decidiu ser. Existe especialidade maior do que essa?

Jacqueline Du Pré - Fonte
Pensamos que ser especial é ter uma posição de destaque e reconhecimento público, ganhar um prêmio Nobel ou medalha de ouro em alguma competição, sim, pessoas assim são incomuns, entretanto, são a minoria. A maioria de nós acha que vive uma vida comum e por assim pensar tomamos atitudes comuns, mas que tal decidir ser especial na vida de alguém? Numa disputa apenas um ganha a medalha de ouro, mas e todos os outros, sem eles não teria corrida, concorda comigo? A corrida é para todos os que correm, ainda que os prêmios, para poucos.

Lembra dos voluntários que cuidam dos cegos e surdos que eu falei no primeiro parágrafo? São pessoas incomuns que levam uma vida igual aos demais. Nesse momento você olha para as suas condições e pensa: "eu não consigo fazer nada assim". Lei-a algumas características de pessoas incomuns:

  • Pessoas incomuns nem sempre tem diplomas - não estou menosprezando o estudo e o conhecimento, o que estou dizendo é que um diploma não é prerrogativa para você tornar-se "incomum". Existem ONG's como os Médicos Sem Fronteiras, aí você diz: "eu não sou médico". Nunca nem entrou no site deles, AQUI, e já está saindo pela tangente. Quem disse que precisa ser médico, vai lá e veja como ajudar. Em geral é assim, passamos a vida inteira inventando desculpas comuns, igual aos demais. O que não falta são oportunidades, alguém disse, "quem quer, dá um jeito, quem não quer, inventa desculpa".
  • Pessoas incomuns possuem o "olhar para fora" - são pessoas que não buscam apenas para si, tem um olhar além de suas próprias necessidades, alcançam o próximo com uma facilidade constrangedora. Mais uma vez não me entenda errado, nada de mal em cuidar de si mesmo e buscar seus próprios anseios, a questão é que os incomuns enxergam o todo, enxergam o contexto, enxergam ao redor e assim, percebem uma oportunidade onde possam fazer diferença, ainda que seja para um pequeno grupo de pessoas.
  • Pessoas incomuns passam pelas crises com esperança - agora você me chamou de louco, calma! As pessoas de sucesso não tem crises. Mentira, as pessoas de sucesso superam uma crise de cada vez. Pessoas incomuns lidam com crises diárias, porque elas tem esperança e diferente do que muita gente pensa, esperança não é ficar sentado aguardando que um milagre aconteça. Esperança é uma certeza para permanecer na atitude certa, diante da crise. Tem momentos que a atitude é lutar, em outros a melhor atitude é ficar quieto, muitas vezes será preciso falar, bravejar, em outras o silêncio e a tolerância. Seja qual for a atitude não pode faltar esperança.
  • Pessoas incomuns sofrem - depois dessa leitura você não voltará nesse blog, antes que se vá, entenda que só existe caridade e doação, porque alguém se identificou com o sofrimento alheio, por mais que você não passe fome, sabemos que fome dói, isso nos faz sofrer. Podemos não sentir na pele, mas as pessoas incomuns sofrem porque se identificam com a dor alheia. Uma vez eu estava conversando com um amigo, estávamos num serviço voluntário, naquele dia ele estava cabisbaixo, visivelmente abatido. Perguntei o que ele tinha, respondeu que não queria conversar. Algumas horas depois o vi com outro semblante e uma animação renovada, perguntei o que tinha acontecido - "Está vendo aquele jovem ali, o ajudei alguns anos atrás, ele veio me agradecer e disse que sem a minha ajuda provavelmente estaria morto ou preso. Eu estava triste porque achava que esse trabalho não tinha muito resultado, mas estava errado, o resultado não é apenas no que eu faço, e sim, muito mais para quem recebe". Essa foi a resposta de uma pessoa incomum.
Você achava que ser incomum tinha a ver com roupas, tatuagens, linguajar e comportamento, pois bem, enganou-se não é mesmo? És diferente porém comum. O mundo tem quase 7 bilhões de pessoas diferentes, agora os incomuns são poucos, justamente, por causa das suas especialidades.

Inspiração:.

Jacqueline Du Pré, apesar do nome é inglesa. Aos 26 anos a violoncelista mais talentosa de sua época e umas das maiores de todos os tempos, começou a perder a sensibilidade dos dedos e de outras partes do corpo, esclerose múltipla. Conseguiu tocar por mais alguns anos, infelizmente, faleceu aos 42 anos.

Aqui um documentário dela em inglês, não achei o legendado. Aqui uma entrevista com legendas em espanhol e Aqui ela tocando


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