O meu pai perdeu a mãe
ainda criança e foi criado por outra família. Não teve uma infância das
melhores, mas era cheia de aventuras como ele sempre conta. Deixe-me continuar
de onde parei no post anterior, se você ainda não leu, vai lá rapidinho e acompanhe
– Post Anterior Aqui
O irmão do meu pai estava
em São Paulo alguns anos, entre outros ofícios era metido a compositor. Compôs uma
música que através de um conhecido chegou a ser gravada por um sambista, mas
ele mesmo não recebeu nada, foi enrolado, prometo que vou descobrir mais sobre
isso.
Assim que chegou em São
Paulo aquele rapaz simples ficou pasmo com a grandiosidade de uma cidade em plena
ascenção, nos anos 70. Pensou em voltar imediatamente, achava que não iria ter
sucesso. Com muita insistência do meu tio, aceitou fazer duas entrevistas
de trabalho, meu pai era auxiliar de contabilidade, passou nas duas entrevistas
e escolheu a que ficava mais próximo para ele.
Algum tempo depois conseguiu
um trabalho melhor e precisou mudar-se, porém, o meu pai é o tipo de pessoa,
que cativa amigos mesmo sendo silencioso. A minha mãe baseada no endereço da
ultima carta partiu para o mundo, seguir o amor da sua vida, viajou três dias
de ônibus, do interior do Maranhão até a quarta cidade mais populosa do planeta,
imagine o choque. O pior de tudo foi quando ela desceu do táxi, que havia
pegado na rodoviária e perguntou pelo seu amor, foi informada que ele não
morava mais lá. Tenho certeza que pensou na frase que ouviu do meu avô: “você
pode ir, mas se der errado não volte para cá”.
Naquela época, uma mulher
sair de casa sem ser casada era uma afronta, ainda mais atrás de homem. Lembra que
eu falei que o meu pai cativa as pessoas, então, no desespero da minha mãe, sem
saber o que fazer e para onde ir, sem dinheiro e não esqueça que estamos
falando de uma época que o telefone fixo era raro, alguém ouviu o nome do meu pai
e disse: “ele está aqui, veio passar o fim de semana conosco”, no meio da madrugada,
na calçada daquela pensão o choro de desespero tornou-se um choro de alívio e
alegria.
Inspiração:.
Ouro de Tolo – Raul Seixas
– Clipe Aqui. Raulzito o mágico, para muitos um bruxo. Eu prefiro chamá-lo de
mágico pelas músicas que escreveu. Suas ideias para uma sociedade alternativa e
a proposta de uma metamorfose social, nos confronta no mínimo a fazermos
perguntas tão simples quanto: “consegui tudo o que eu queria, por que não estou
feliz?” Afirmo que o meu pai não conseguiu tudo o que desejava mesmo
quando ganhava “quatro mil cruzeiros por mês” e conseguiu comprar um Fusca 73,
não foi um Corcel como na música, mas foi nesse fusca que ele viajou de volta
ao Maranhão, ficou curioso? Irei continuar na próxima postagem. Eu já vi o meu
pai agradecer ao Senhor pelo que conseguiu na vida e colocar a família dentro
do carro e passear, é uma das coisas que ele mais ama, ainda que seja "ir ao zoológico dar comida aos macacos".
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