Aproveitando a deixa do
refrão da música do post anterior:
“Plante
uma semente, plante uma flor, plante uma rosa
Você
pode plantar qualquer coisa
Continue
plantando pra descobrir qual vai crescer”
Quando falamos de plantar
é obvio que lembramos da população rural, que aqui no Brasil tem uma definição
muito simples, para não dizer simplória, se você vive na cidade é urbano, e se
vive fora é rural. Outros países definem pela quantidade de habitantes e outros
pela quantidade de habitantes somado a porcentagem de pessoas ligadas as
atividades primárias(agricultura, agropecuária, etc).
Todo conceito é questionável,
dentro do meu município, pelo censo de 2010, vivem cerca de 950 mil habitantes,
todos urbanos? Sabemos que não. Eu cresci numa zona rural, onde as pessoas
faziam remédios caseiros, plantavam e colhiam. Andávamos de carroça,
pescávamos e até caçávamos. Banhávamos num córrego, o mesmo que buscávamos água
para beber e onde as mulheres lavavam roupas. Logo em frente ao mar, onde
aprendi a pescar com rede de arrastão e conhecer o “caminho” das correntes.
Pescava sardinha, tainha e camarão, cada um na sua época. Catava sarnambi, sururu e caranguejo, tudo isso a menos de
30 km do centro da cidade.
Lá na zona rural quando
escurecia tinha medo das “visagens”, na cidade, dos vilões. Da escola direto pra
casa e ouvia cada história, não do “currupira” que assobia meio dia, mas do
bandido que invadiu e matou, ou do assaltante que simplesmente atirou. Era a
tal da inflação, que demorou para eu saber que não era inflamação. Nas pescarias
quando voltávamos para a comunidade, dividíamos de casa em casa. Na cidade, do
supermercado direto para a dispensa. No interior minha mãe esquecia de mim, no
bairro em que morávamos na zona urbana, queria saber onde eu estava a cada cinco minutos, com medo de eu me
drogar ou aprender os mal costume “dozotro”.
Urbano ou rural, tanto
faz, aprendi a plantar e colher. Um planta, outro rega e outro colhe.
Entrava nas hortas do vizinho, não sei que magia era essa, estavam sempre mais
verdes e produziam mais, a espiga de milho era maior, a melancia mais redonda,
o feijão com as favas enormes. Colhíamos(escondido, logicamente), comíamos no
meio da roça mesmo, só o meio da melancia que é a parte mais doce, depois
ouvíamos a notícia que a “cabeça dos ladrões” estava a prêmio.
Nem sempre colhemos o que
plantamos, existe a “horta do vizinho”, o importante é entender que precisamos
plantar, quando alguém plantou, alguém colherá, sem dúvidas.
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