Vamos considerar
os dias passados, especificamente, o período até os 12 ou 13 anos, época em que
não temos muito poder para mudar as coisas, elas acontecem. Entretanto,
normalmente, são os fatos mais marcantes que levaremos para o resto da vida. Quando
criança não temos filtros, pelo contrário, assimilamos tudo como uma máxima
verdadeira.
Época dos
encantos, de acreditar em Papai Noel e Saci Pererê. Nesse período nossos
maiores medos são formados, assim como os maiores traumas. Educação institucional
e familiar, os amigos, as grandes admirações e as primeiras paixões.
Pare um
pouco e lembre-se da sua infância, o quanto dela você carrega até hoje? Os ensinamentos
ficam e as mágoas não conseguimos deletar, pelo contrário, quando adultos ainda
temos que lidar com sentimentos gerados nos dias passados.
Eu tinha um
vizinho, apenas um ano mais velho, morava com o pai e a mãe, filho único. O pai
dele era violento ao ponto de aplicar surras tão fortes que os vizinhos tinham
que intervir. Minha mãe me batia sim e meu pai também, eram correções. Pedrinho(nome
fictício), apanhava com um chicote de “dá em jumento”. Era uma tira de borracha
de pneu com um cabo de madeira, igual aos que os carroceiros usavam,
entretanto, a costa do meu colega não era tão grossa quanto de um animal,
ficava dias sem sair de casa, com vergonha.
Pedrinho tornou-se
o “moleque” mais violento que eu conheci. Na adolescência liderou uma gangue e
iniciou nas drogas, quando adulto, mudava de uma instituição para outra, em
busca de um tratamento eficaz. Uma vida que se perdeu por não conseguir superar
o que tinha vivido nos primeiros dias.
Em nossa
linha do tempo, os dias passados guardam as marcas que levaremos por toda a
vida, que não sejam vincos no lombo, e sim, lembranças que tornem nossos dias
presentes melhores.
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