terça-feira, 6 de novembro de 2018

A Queda


Dois dias atrás a minha filha mergulhou no Half de skate e “ganhou” quatro pontos no queixo, que certamente deixará uma cicatriz. Uma marca que lembrará por muito tempo um comportamento, que não devera ser repetido, isso se ela for esperta o suficiente para ter aprendido a lição. Pelo que eu conheço, na próxima vez que for ao parque e não vai demorar, vai ter receio, vai temer, vai recuar, vai lembrar e por fim, espero que faça tudo de novo e ACERTE.


As cicatrizes servem para nos lembrar de que algo deu errado, porém, não precisa dar errado sempre. A queda foi um acidente que poderia ter sido evitado, faltou controle, prudência, precaução, habilidade, técnica, segurança, no geral não é assim? Na próxima vez, não significa que vai dá certo, mas pelo menos uma forma de dá errado estará bem clara na mente e marcada no corpo.

No momento da dor precisamos de ajuda. Eu estava lá e fui o primeiro a ajudá-la, de “sangue quente” não sentia dor, a expressão de medo com o olhar de socorro em minha direção. “Calma, estou aqui, deite, respire...” O sofrimento não escolhe hora, não escolhe dia, ele faz parte da nossa vida. “Quem faz esses esportes pode se machucar”, certinho, você tem razão, todavia, qual o critério para o sofrimento nos alcançar, ou melhor, como não sofrer?

Para essa pergunta eu não tenho resposta, o melhor mesmo é ter para onde olhar e ver que alguém se importa, que está correndo para te ajudar e mesmo que não possa fazer muita coisa, pelo menos vai te confortar e apoiar a sua cabeça. Ninguém sente a dor do outro, a nossa dor é sempre a mais dolorida, quando temos marcas, lembramos de como doeu e mesmo quando não temos, sabemos que dói, infelizmente, precisamos sentir para saber como é, de fato.

Observe os esportes radicais, é impressionante como essas pessoas caem tanto e continuam levantando. Chega a ser assustador e de fechar os olhos, no mesmo instante, lá vai de novo e acerta a manobra. Não sentem dor? Claro que sim. Não sofrem? Muito. Por quê fazem isso? Cada um tem sua própria motivação, o que fica claro é que aprenderam a conviver com a dor, desenvolvem resistência e com o passar do tempo, superam as dificuldades e aperfeiçoam-se

É difícil encontrar propósito no sofrimento, não tenho nenhuma frase clichê, apenas que o sofrimento não é para sempre, algum momento ele vai passar e deixará marcas, mesmo que não seja visível, nossa alma ficará marcada. No vídeo abaixo é uma volta perfeita, rara de acontecer por melhor que seja o atleta, o que nos chama a atenção pelo assunto abordado, é que parece que ele não tem marcas, acredite, deve ter sim, muitas.


Preste atenção que dessa "batalha" saem dois vencedores, um que foi superado e outro que superou, ambos são reconhecidos. Observe que Gagnon está com 91,66, uma nota fantástica, no canto direito superior. Veja o que White conseguiu fazer.

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