terça-feira, 13 de novembro de 2018

PROTEJA as diferenças, ELIMINE o preconceito.



O Maranhão é o terceiro estado em quantidade de pessoas pardas e o sétimo em quantidade de negros, segundo o último censo do IBGE em 2010. Santa Catarina é o estado com mais pessoas brancas, cerca de 85% da população.

Pela segunda vez fui passear nas redondezas de Balneário Camboriú, Penha e Navegantes, na primeira vez minha filha tinha 8 anos, dessa vez está com quinze. Na viagem anterior ela estava deslumbrada com os brinquedos e bichos. Agora, percebeu a diferença racial e cultural.
       
- Pai, aqui quase não tem negros.
- Verdade, historicamente, no período da escravidão levaram mais negros para lá, do que para cá.
- Ah tá - resposta padrão dos adolescentes modernos, que significa “entendi”.
- Percebeu como aqui as pessoas são mais tatuadas do que em nossa cidade? – eu perguntei.
- É sim, vou ter que vir morar aqui, para mamãe não arrancar o meu couro quando eu fizer a minha.
            - Ah tá – resposta de um pai antiquado, que não levou em conta a resposta insolente da filha, sobre a figura da mãe.

Continuei a conversa sobre essas questões ideológicas regionais. O Nordestino tem uma criação mais rígida e pouca aceitação para as tatuagens. O Sul tem muita aceitação para as tatuagens e outros tipos de comportamentos mais exóticos. Vivemos recentemente outro momento ruim em nossa democracia, quando os nordestinos escolheram o candidato do PT, como se um voto definisse toda a vida de uma pessoa, as redes sociais espalharam críticas e mais críticas.

Veio a tona, mais uma vez, aquilo que nós somos, veja que escrevi “nós”, o preconceito. O pensamento arbitrário, que a minha vontade ou o meu jeito é superior e melhor que o do outro e esse deve ser rejeitado, em alguns casos, eliminado. Você não tem preconceitos, deve estar pensando agora. Já esteve pessoalmente com um índio, ou um jovem tatuado até o branco do olho? Um negro, ou um homossexual? Alguém com deficiência física, intelectual ou mental? Nesse seu contato conseguiu ser você mesmo ou teve aquela vontade de se afastar de fininho, desconversar, puxar os seus filhos pra perto... Ah mas isso não é preconceito. Nunca é para você, só para os outros.

Caso ainda esteja lendo, sentir isso é totalmente normal, você não precisa achar que é a pior pessoa do mundo por sentir um desconforto próximo de alguém diferente. Só não precisa permanecer assim. O estado com o maior número de população amarela ou indígena é Roraima, onde morei por mais de dois anos. Assim que cheguei, senti um incomodo pelo jeito de ser do índio, não quero ser hipócrita, mas a convivência me mostrou que consigo superar meus preconceitos, afinal, eu sou estranho até para os meus comuns. Em pouco tempo assimilei esse “jeito de ser” e superei. Adquiri hábitos e aprendi a aceitar a diferença sem tentar impor o meu jeito.

Meu pai é negro, minha mãe era branca. Eu sou pardo e paulista. Minha filha é branca e amazonense. Tudo que eu posso dizer sobre o preconceito é que ele está dentro da gente, não porque somos ruins, e sim, porque rejeitamos as diferenças. Quando a maioria das pessoas entenderem isso, conseguirão lidar com seus preconceitos, invés de tentar eliminar as diferenças.


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